Eu era pobre
Não tinha teto,
Não tinha afeto,
Não tinha escola,
Não tinha pão.
Dormi em tuas calçadas como um animal;
Sofri a violência da tua polícia;
Conheci a injustiça da tua justiça;
Sobrevivi à insuficiência da tua caridade.
Pedi ajuda, deste-me desprezo;
Pedi respeito, ofereceste-me omissão.
Se um dia alguém mais competente
Souber guiar-me por caminhos tortos
E, em lugar de um livro,
Colocar um revólver em minha mão;
Em lugar de uma bola
Me der uma lata de cola para cheirar;
Em lugar do amor
Me ensinar o ódio como solução...
ENTÃO:
Se nos encontrarmos em algum lugar
Talvez te assaltarei,
Talvez te agredirei,
Talvez te matarei.
MAS NÃO RECLAMES:
Quando eu ainda não saiba odiar,
Tu não me deste motivos para amar-te.
Como se pode queixar da cizânia,
A mão irresponsável que a semeou?
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